A importância dos alimentos de origem animal na dieta dos humanos

Os humanos precisam dos alimentos de origem animal para ter energia adequada ao plano físico. Para resolver as questões cármicas mais densas. Cem gramas diárias são suficientes para obtermos essa energia. E é por causa disso que, se os seres humanos, ao longo de suas vidas, estiverem lidando bem com suas questões cármicas, e estiverem se dedicando a alguma prática espiritual, com ritmo e constância, vão abandonando naturalmente os alimentos de origem animal e preferindo os alimentos de origem vegetal.

E mais, segundo os mentores, é melhor comer alimentos in natura, de origem animal ou vegetal, do que alimentos processados, simplesmente porque nunca se sabe que substâncias foram adicionadas no processamento.

Podemos viver de luz, ingerindo apenas hidromel – 3 litros de água com o sumo de um limão e uma colher pequena de mel. Mas, para isso, teremos que viver cercados pela natureza, praticar yoga diariamente, meditar sob os raios do sol nascente e solucionar as questões cármicas mais densas.

Resumindo: para não precisar ingerir alimentos de origem animal, é preciso obter equilíbrio interno e harmonia externa.

O vegetarianismo também pode ser motivado pelo desequilíbrio egóico: querer ser, ou até mesmo, só parecer ser superior ou melhor que os outros: mais puro, mais sutil, mais evoluído que os demais.

O vegetarianismo pode também ser motivado pela crença limitadora de que a raiva e o medo dos animais são transmitidos para a carne deles no momento do abate e que essas emoções deles nos afetam. Não. Isso não acontece. Medo e raiva estão circunscritos ao sistema de cada um. Medo e raiva têm origem nos pensamentos. Sim. Os animais pensam. Sim, eles têm instinto de preservação e, por isso, sentem medo. Mas não. Eles não estão na dualidade. Logo, suas emoções não são positivas nem negativas e, portanto, não podem carregar a carne deles com nada que nos faça mal.

Até porque, como estão fora da dualidade, eles não são afetados pela ilusão a que chamamos de mal.

Se há algo que devemos evitar, não são as substâncias produzidas pelo corpo físico dos animais, por suas emoções no momento do abate, mas as inúmeras substâncias químicas, defensivos e hormônios que estão presentes nas rações e medicamentos administrados aos animais criados para o abate. Muitas dessas substâncias também estão presentes nos vegetais. Até mesmo nos orgânicos, por conta da contaminação dos lençóis freáticos e das chuvas.

Crueldade e desumanidade no manejo de animais para o consumo humano são causadas pelo desequilíbrio dos humanos em muitos aspectos. Se cada humano consumisse alimentos de origem animal nas quantidades mínimas requeridas pelas suas questões cármicas, e consumisse com respeito e gratidão, respeito e gratidão que deveriam estar presentes nas condições de tratamento desses animais, antes e durante o abate, não teríamos os inúmeros problemas ecológicos que estamos vivendo hoje.

Porque todos esses problemas têm como causa a nossa falta de sensibilidade e respeito para com todos os seres vivos.

Sim, podemos dispor da natureza para suprir todas as nossas necessidades. Desde que isso seja feito com o respeito e a reverência que todo ser vivo precisa e merece receber.

Segundo os mentores a única motivação válida para deixar de comer alimentos de origem animal é a compaixão. E compaixão não é pena.

Os animais, todos os animais, estão o tempo todo nos doando a sua existência, cumprindo o seu papel nos processos que mantém as condições ideais de vida no planeta. Fornecer aos seres humanos carne, ovos, leite, couro, lã, penas, ossos, gordura, força de trabalho, calor, proteção, ou mesmo companhia é a função deles no universo. Se reconhecêssemos isso, e utilizássemos tudo isso no limite de nossa real necessidade, e não do nosso capricho, em quantidades pequenas e com critério, ou seja, sem desperdício, estaríamos em uma situação de equilíbrio.

Os animais e os vegetais nos dão muito mais do que seus corpos como alimento. Suas simples existências já são dádivas, que mantém a natureza em equilíbrio. Quando deixamos de considerar o ritmo biológico, o habitat e as características particulares de suas existências, querendo que eles nos dêem mais do que conseguem, estamos alterando toda a natureza. E o resultado disso é o que nós estamos vendo e vivendo hoje.

Compaixão pelos animais se expressa pelo respeito às suas existências. É mais construtivo criar um frango em liberdade, abatendo-o apenas quando precisamos, do que não comer carne de frango por medo de ser contaminado ou pelo desejo de ser e parecer melhor, sem dar a mínima para os milhares de frangos que são criados unicamente para o abate, com requintes de crueldade.

Se você deixar de comer carne porque não quer contribuir para que isso continue acontecendo, estão faça isso. Mas saiba que terá dificuldade no enfrentamento de suas questões cármicas. Melhor seria consumir apenas cem gramas, com gratidão e compaixão, e dedicar-se com muito mais empenho às práticas espirituais, até alcançar um estado de equilíbrio em que possa abrir mão dos alimentos de origem animal. Isso é compaixão.

Sobre a palavra “sacrifício”

Toda a dificuldade que temos em compreender a palavra “sacrifício” reside nas múltiplas interpretações que demos a ela, ao longo desta civilização. Mas, ainda em nossos dicionários, a palavra “sacrifício” continua com seu significa original: oferenda à divindade.

O Gita define Deus como o sacrifício e o sacrificador. Ele é ao mesmo tempo a oferenda e aquele que a oferece. E não poderia ser diferente, porque Deus é tudo, e está em tudo. Quando Krishna detalha os tipos de sacrifício, ele está apenas citando aquilo que nós, de boa vontade, e porque assim o desejamos, renunciamos a algo, apenas para demonstrar a Deus o nosso amor a Ele e aos outros seres humanos.

Toda oferenda sincera a Deus é algum tipo de renúncia a algo que nos dá satisfação imediata, em nome de algo maior, que é o que deve ser feito para o bem de todos. Só se consegue renunciar a algo, quando se tem algo maior em nome do que renunciar.

Sacrificar-se, segundo o Gita, é apenas fazer uma escolha, entre os caprichos do ego e o que a consciência exige que seja feito.

Deus não nos pede que renunciemos a nada do que precisamos, mas apenas que avancemos na compreensão daquilo que somos. E o que somos é muito mais do que seres movidos pelo prazer imediato.

Somos seres que buscam o equilíbrio em todas as suas ações. Querendo ou não, sabendo ou não, desejando ou não.

O sacrifício ao qual o Gita se refere é a renúncia aos caprichos do ego.

E por um simples motivo.

Enquanto utilizamos a energia divina correndo atrás de satisfação imediata, estamos nos afastando da realização e da felicidade, que só podem ser conseguidas pela busca do equilíbrio.

Não há nada de mal em aproveitar as boas coisas da vida, desde que essa busca pelo que pensamos serem as boas coisas da vida não nos afaste de nossa missão, ou prejudiquem a missão dos outros seres humanos.

Porque, longe de nossa missão, não há felicidade nem realização.